Hot-air balloon festivals

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

@ SOS Pedestres

Por Eduardo Macedo de Oliveira


Seria sensato se todos nós andássemos com freqüência. Teríamos vários benefícios, entre eles, a melhoria da qualidade de vida e das nossas relações comunitárias, tão escassas nos dias atuais. Ao andar, nosso olhar torna-se diferente, próximo. Conhecemos espaços e pessoas de forma mais acurada, ou seja, mais humana. Seria ideal que nossas escolas e locais de trabalho fossem mais próximos. Durante a minha infância e adolescência, utilizar-se de automóvel era uma prática excepcional, e normalmente, realizada nos finais de semana.

Infelizmente, diante do crescimento acelerado da cidade, andar, isto é, tornar-se pedestre, em nossas vias públicas tornou-se uma aventura, com consequências graves, cheia de riscos e armadilhas. Diante da tirania dos automóveis, criou-se uma lógica perversa (e desumana), pois as políticas e equipamentos públicos para a mobilidade e acessibilidade das pessoas são elaboradas e implantadas tendo como foco principal o automóvel, deixando em segundo plano, os pedestres.

Avenidas e ruas têm todo aparato para o trânsito dos automóveis. Novos viadutos, semáforos, sinalizações, radares, operadores de trânsito, asfaltos, entre outros, são prometidos e inseridos neste contexto. Não faltam recursos. Fala mais alto, aqueles que se utilizam dos automóveis. Aliás, em sua maioria, formadores de opinião, que têm a caneta, o poder e a autoridade. Embora maioria, os pedestres tornam-se compulsoriamente nas vítimas silenciosas.

Desejo morar numa cidade onde os passeios fossem amplos e transitáveis, contrários aos atuais, repletos de obstáculos, desníveis e inadequações. Onde os canteiros centrais e rotatórias das vias públicas respeitassem e garantissem a travessia segura dos pedestres.

Enfim, para os automóveis, tudo. Para os pedestres (e ciclistas), nada. Enquanto isso, os mesmos se defendem como podem. Infelizmente, não vejo disposição, sensibilidade e grandeza das nossas autoridades em enxergar esta situação. Ela persiste há vários anos, transcende gestões e tornou-se, como dito anteriormente, uma lógica invisível, determinista.

Seria inadiável e urgente, que o poder legislativo e ministério público pautassem a situação dos pedestres. O legislativo, através da fiscalização e elaboração de dispositivos legais obrigando o poder executivo a respeitar as normas de acessibilidade e trânsito existentes. Aos promotores, por sua vez, cabe acompanhar este processo.

E assim caminha a humanidade, ops! Os pedestres. Continuaremos neste ritmo alucinado, poluindo, matando pessoas indefesas, reféns da total falta de sensibilidade e responsabilidade. Veículos modernos, motoristas irresponsáveis, uma fórmula hegemônica prevalecente na configuração do nosso espaço público. O ser humano? Bem, como diria o técnico Parreira, um simples detalhe. Afinal, o sistema não pode parar. Com qual finalidade, ninguém sabe. Estamos cada vez mais velozes, cada vez menos sensíveis. Neste contexto, a democracia é um espaço de ninguém porque de todos. Mas em nosso caso, um espaço de ninguém, mas não de todos. Em nosso caso, dos motoristas e seus automóveis.

Se para realizar as alterações necessárias nas vias públicas representa uma tarefa inexequível, seria necessário que pelo menos as novas e futuras vias públicas e passeios fossem feitos com o devido respeito ao ser humano. O custo não seria alto, porém o benefício imensurável.

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