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sábado, 12 de dezembro de 2009

@ Uma triste realidade

Por Eduardo Macedo de Oliveira


No dia 12 de dezembro, ao final da tarde, estava aguardando meu filho na portaria do Campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Naquele dia, ele finalizava um ciclo de três anos relativo ao Programa Alternativo de Ingresso ao Ensino Superior (Paies).

Ali, presenciei centenas de jovens apreensivos, eufóricos e principalmente, aliviados. O ano de 2009, decididamente não será um ano de boas lembranças para os mesmos, pois mudanças repentinas e inesperadas nas regras dos processos seletivos espalhados pelo país, deixaram-nos perplexos e estupefatos, e como sempre, impotentes, tiveram de “pagar a conta”.

Durante os minutos de espera, puxei uma conversa com um jovem ao meu lado. Ele disse-me que era aluno da rede estadual de ensino. Perguntei-lhe se a prova tinha sido difícil, e ele acrescentou que durante a sua formação no ensino médio, a escola não tinha coberto e oferecido plenamente os conteúdos cobrados no exame pela UFU, e sendo assim, achava injusto concorrer com candidatos com melhores condições, como os matriculados em escolas privadas.

Em outras oportunidades, tratei deste assunto no jornal Correio. Minha reincidência no respectivo tema, deveu-se à minha solidariedade ao candidato e também, pela promessa de elaboração de um texto a ser novamente enviado ao jornal, tratando sobre o assunto.

Causa indignação o grau de sucateamento que chegou a rede pública de ensino. Além da total descaracterização das finalidades e identidade do ensino médio, uma parcela dos alunos tem de enfrentar um sistema de ensino inoperante, vulnerável e fragilizado. Aquela máxima, faz de conta que ensino, faz de conta que aprendo, cada dia torna-se um mote banal no interior das escolas públicas.

Com a universalização do ensino fundamental, a tragédia anunciada se reporta para o ensino médio. Somente 50% dos jovens de 15 a 17 anos encontram-se regularmente matriculados neste nível de ensino. Aqueles heróis que permanecem em suas salas de aula, ainda têm de conviver com o ensino insuficiente, onde reina a incapacidade de ofertá-los dignamente aos alunos.

Mas essa é uma das pontas do “iceberg educacional”. Existem outras. Pergunta-se, qual a razão de se cobrar a quantidade absurda de conteúdos nos processos seletivos? Gostaria que algum iluminado me explicasse os motivos. Se a escola pública não consegue acompanha-los, pergunta-se: até quando esta situação prevalecerá? Quem será capaz de resolvê-la? A Secretaria Estadual de Educação ou a UFU? Quem dará o primeiro passo? Melhorar o nível de ensino público ou rever os paradigmas para elaboração de uma avaliação? O que não dá mais para suportar é presenciar o desabafo de um jovem que procura o seu caminho, e refém das omissões, tem que se resignar diante da sua situação revelada durante um processo seletivo: a total impotência para enfrentá-lo!

Para consolá-lo disse-lhe sobre o programa PROUNI, que disponibiliza vagas com bolsas integrais ou parciais para alunos oriundos da escola pública.

Triste realidade do nosso país! Ao encontrar meu filho, ele mostrou-me uma questão de História que não pertencia ao programa do referido exame. Li a mesma, e minha indignação tornou-se mais evidente, pois o enunciado tratava de um evento ocorrido em 1640 na Inglaterra, e revela o grau de insensatez dos conteúdos previstos e exigidos nos referidos processos seletivos.

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