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domingo, 25 de julho de 2010

@ Waldorf

Pedagogia Waldorf segue na contramão

Carolina Peron, de 18 anos, fala com entusiasmo sobre o Colégio Waldorf Micael de São Paulo, onde estuda desde o 5º ano. "Aqui é lugar de gente feliz, onde nos sentimos protegidos", contou, pouco antes de começar o ensaio da peça Campeões do Mundo, de Dias Gomes, que seria encenada pelos alunos do 12º ano dali a três dias. 12º ano? Sim, o Micael trabalha com o ensino fundamental de nove anos muito antes da promulgação da lei 11.274, de 2006.
leia na íntegra

matéria publicada no jornal "Estado de S.Paulo", edição de 19/07/10.


Ensino off-line

Mesmo sem investir em tecnologia e privilegiando trabalhos manuais, pedagogia Waldorf atrai cada vez mais adeptos no Brasil

Enquanto grande parte das escolas discute se o computador deve ser introduzido já no ensino infantil, um grupo de colégios reluta em usá-lo até o ensino médio.

Nas escolas que seguem a pedagogia Waldorf, a ordem é evitar ao máximo a tela. Mas nem por isso elas deixam de atrair adeptos. Entre 2003 e 2010, o total dessas escolas no país passou de 40 para 85, diz a Federação das Escolas Waldorf no Brasil.

Criado na Alemanha em 1919, o movimento Waldorf trouxe ao país em 1956 o foco no desenvolvimento humano e nas atividades manuais.

"A gente não considera que o computador seja uma ferramenta do desenvolvimento humano. Na escola Waldorf, ele aparece quando passamos a trabalhar com questões mais técnicas, que é no ensino médio", diz Rubens Salles, diretor da ONG Instituto Artesocial, que divulga a pedagogia Waldorf.

O uso em casa não é proibido, mas os pais são orientados a impor limites. Na Waldorf Aitiara Botucatu (238 km de SP), o tema é levantado já na matrícula como forma de conscientização. Alguns pais são totalmente favoráveis. "As crianças conseguem se dedicar a outras atividades", diz o consultor financeiro José Júlio Ferreira Sarmento Rito, 57, pai de Júlia, 11, que estuda no Micael (zona oeste de SP).

Outros entendem que poderia ser diferente, principalmente no caso dos trabalhos manuscritos. "Alguns pais comentam que seria mais fácil usar o computador", diz Roberto Veiga, gerente-administrativo do Micael.

Imaginação

Referência no movimento Waldorf, Valdemar Setzer, professor-titular do Departamento de Ciência da Computação da USP, é radicalmente contra crianças verem televisão ou usarem computador.

Segundo ele, a infância é o momento da imaginação, que é tolhida pelas imagens já prontas. Ele acredita que o vídeo pode até ser usado como forma de ilustrar algum tema estudado na escola, mas por um período curto.

Christopher Clouder, presidente do Conselho Europeu para a Educação Steiner Waldorf, diz que em outros países as escolas já introduzem o computador no ensino fundamental, mas o privilégio é dado à cultura oral.

Clouder está no Brasil para uma conferência organizada pelo Goethe-Institut, em que um dos principais temas será justamente a tecnologia. Na academia, o centro dos debates deixou de ser a idade para o uso do computador, mas se isso deve ocorrer nas salas de aula ou na biblioteca.

"O computador pode beneficiar as crianças no raciocínio lógico e no acesso à informação quando há supervisão de pais e professores", diz Lúcio França Teles, doutor em informática na educação pela Universidade de Toronto e professor da UnB. Silvia Colello, docente da Faculdade de Educação da USP, lembra que a pedagogia Waldorf é séria, mas defende o uso do computador no ensino. "É uma ferramenta do nosso mundo."

matéria publicada no jornal "Folha de S.Paulo", edição de 05/07/10.

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