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segunda-feira, 6 de junho de 2011

@ Para melhorar o aprendizado

Como investir para melhorar o aprendizado

Por Viviane Senna (*)

A educação brasileira fez progressos importantes em termos de resultados alcançados e políticas implementadas. Segundo o Banco Mundial, somos o país que mais rapidamente aumentou a escolaridade média da população entre 1990 e 2010 (de 5,6 para 7,2 anos), tomando o recorde que era da China.

Somos também um dos países com o maior avanço no aprendizado dos alunos, medido pelo Pisa, no período de 2000 a 2009. Implementamos e institucionalizamos instrumentos e processos de avaliação de resultados. Mas, como todos sabemos, ainda há um longo percurso pela frente, com desafios fundamentais a nos exigir ações mais objetivas e precisas.

Acabamos de dar um passo importante: o movimento Todos pela Educação e o Instituto Ayrton Senna lançaram um mapeamento da produção científica mundial sobre os fatores que impactam a aprendizagem dos alunos.

O trabalho organiza de forma inédita os resultados de 165 estudos acadêmicos brasileiros e estrangeiros, selecionados por critérios técnicos rigorosos entre cerca de 600 inicialmente consultados.

Conduzido por Ricardo Paes de Barros e mais de 20 pesquisadores de renomadas universidades brasileiras, "Caminhos para Melhorar o Aprendizado" analisa políticas que possam contribuir para o alcance da Meta 3 do movimento, a de ter todo aluno com aprendizado adequado à sua série.

Indo além do senso comum e dos achismos, quebrando alguns mitos, o trabalho aponta, por exemplo, que os alunos dos melhores professores aprendem até 70% mais em cada ano.

É óbvio que o bom professor ensina mais e melhor, mas agora podemos saber a magnitude dessa desigualdade, que prejudica exatamente as crianças e os adolescentes menos favorecidos.

O trabalho quantifica o alto impacto e ressalta a importância de políticas que aumentam a exposição do estudante ao conhecimento: cumprimento do calendário escolar, aumento da jornada, reforço escolar, redução do absenteísmo de professores e alunos e redução do número de alunos por turma.

"Caminhos" tem o refinamento de indicar, por exemplo, que o impacto da redução do tamanho das turmas é maior nas séries iniciais do que nas finais, dando ao gestor a opção de focalizar melhor os investimentos. Se o gestor tem o desafio de recuperar alunos muito defasados, aumentando a proficiência para reduzir rapidamente as desigualdades educacionais, saberá que uma estratégia de baixo custo e alto impacto é a formação de turmas mais homogêneas.

Do ponto de vista cognitivo, essa política pode elevar em até 35% o aprendizado do aluno ao longo do ano, mas o gestor deve também levar em conta equilíbrio entre o aumento da proficiência e os objetivos sociais mais amplos da educação.

O trabalho aumenta a gama de informações à disposição do decisor e dá subsídios para nova geração de politicas públicas, baseadas em evidências, mais focalizadas e comprometidas com resultados.

Também oferece base para a produção de novos e necessários estudos acadêmicos, que possam contribuir com a constante melhoria dessas políticas, conforme apontou James Heckman, Nobel de Economia, ao conhecer o trabalho.

Os aprendizados e as ressalvas necessárias para seu bom uso estão disponíveis no site "Para melhorar o aprendizado", apresentados de modo prático para quem está envolvido na construção de uma educação pública em que os alunos possam efetivamente aprender.

VIVIANE SENNA, 52, é presidente do Instituto Ayrton Senna e coordenadora da equipe técnica do movimento Todos pela Educação.

Artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, 06/06/11.

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