Hot-air balloon festivals

Hot-air balloon festivals

segunda-feira, 28 de junho de 2010

@ Saramago


'La flor más grande del mundo'

por José Saramago

acessar vídeo

fonte

@ Ensino religioso

Livros de ensino religioso estimulam preconceitos
As aulas de ensino religioso nas redes públicas de ensino do País utilizam livros com conteúdo preconceituoso e intolerante, afirma um estudo da Universidade de Brasília (UnB) que analisou as 25 obras temáticas mais usadas nas escolas.

leia na íntegra

Seminário lança estudo sobre ensino religioso no Brasil

Laicidade e Ensino Religioso no Brasil

sexta-feira, 25 de junho de 2010

@ Silêncio


O silêncio é uma porta que se abre e ilumina nossos corações.
No seu rastro, traduzimos monólogos e mistérios,
como uma ciência repleta de hipóteses e descobertas.

Buscamos algo, denso e indecifrável.
No seu vácuo, desvendamos o presente, diluímos o passado e condensamos
o futuro, e a maturidade se revela cada vez mais próxima e amiga.

Nos decibéis das contradições, desafiamos as convicções
nos oceanos das incertezas.
O silêncio é um norte no caminho dos nossos temores.

eduardo macedo de oliveira
inverno / 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

@ Gerações interativas

No último dia 20 de maio, o EducaRede lançou a segunda edição da pesquisa Gerações Interativas, que pretende investigar a utilização das chamadas telas digitais (internet, celular, televisão e videogames) por estudantes dos 6 aos 18 anos. As escolas, públicas ou particulares, podem se inscrever para participar por meio do próprio site do EducaRede.

Esse levantamento faz parte do projeto ibero-americano de mesmo nome, idealizado pela Universidade de Navarra (ES) e realizado pelo EducaRede em parceria com a Fundação Telefônica. O objetivo é conhecer em detalhe o quanto essas crianças e adolescentes estão envolvidos com essas mídias digitais, e os respectivos impactos desse hábito nos meios familiar e escolar, bem como alertar pais e educadores para a importância da mediação educativa e do uso responsável das tecnologias de informação.

Para participar, o procedimento é bastante simples. Depois do envio dos dados pelo formulário online, cada escola recebe uma senha geral, que deverá ser repassada aos alunos. Assim, eles poderão responder anonimamente a um questionário online - são diferentes tipos de questionário, de acordo com a idade de cada estudante. A proposta é que a participação ocorra no próprio ambiente escolar, em laboratórios de informática ou em outros espaços da escola destinados ao uso de computadores com conexão de intemet. “As escolas participantes receberão um informe individualizado sobre seus resultados. Com isso, poderão desenvolver ações e iniciativas específicas, de acordo com a situação e o processo pedagógico de cada instituição de ensino”, destaca Adriana Vieira, do EducaRede.

Essa é a segunda edição dessa pesquisa. A primeira foi realizada em 2008 e deu origem à publicação A Geração Interativa na Ibero - América. No Brasil, participaram da primeira edição mais de mais de oito mil estudantes e os resultados apontaram que, segundo os alunos, os docentes brasileiros são os menos ativos no uso e recomendação da Internet. Além disso, o país tem o maior índice de navegação solitária, pois mais de 80% dos jovens navegam sozinhos, sem supervisão. Clique aqui para ver a íntegra da publicação.

fonte

segunda-feira, 21 de junho de 2010

@ Livros didáticos

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA - MEC

PORTARIA Nº 307, DE 17 DE JUNHO DE 2010 (*)

Art. 1º Divulgar o resultado da avaliação das obras de apoio pedagógico realizada conforme Edital de Convocação para Inscrição de Obras de Apoio Pedagógico Destinadas a Docentes no Processo de Avaliação e Seleção para o Programa Nacional Biblioteca da Escola - PNBE DO PROFESSOR 2010.

acessar

publicado no D.O.U., edição do dia 21/06/10, seção 1.

sábado, 19 de junho de 2010

@ Reprovação & Evasão

Seminário Itaú de Avaliação Econômica de Projetos Sociais, realizado em São Paulo, dia 18/06/10

Na primeira parte do evento, a pesquisadora Luciana Soares Luz, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) da UFMG, apresentarou o estudo “O impacto da repetência na proficiência escolar: uma análise longitudinal do desempenho de repetentes em 2002-2003

Participaram como debatedores o professor Naercio Menezes, do Insper e FEA-USP, e o especialista Renato Júdice de Andrade, gerente da área técnica da AVALIA Educacional.


Pesquisa inédita da UFMG mostra que repetência tem efeito devastador para autoestima dos alunos e na maior parte das vezes não representa uma segunda chance de aprendizado

leia na íntegra

Especialistas debatem propostas contra a evasão escolar

leia na íntegra

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Repetência e aprendizado

Autor(es): Naercio Menezes Filho
Valor Econômico - 18/06/2010

O Conselho Nacional de Educação está votando nesta semana uma proposta para acabar com a reprovação nos três primeiros anos do ensino fundamental nas escolas públicas brasileiras. O objetivo é evitar que as crianças sejam punidas com a reprovação antes que elas tenham o tempo necessário para completar a primeira parte do seu aprendizado, principalmente agora que a entrada na escola acontece aos seis anos de idade. Essa proposta faz sentido? Será que o fim da repetência iria diminuir mais a qualidade da educação no Brasil?

leia na íntegra

@ Tecnologias sociais

2º Concurso Aprender Ensinar com Tecnologias Sociais

A revista Fórum e a Fundação Banco do Brasil vão levar cinco professores do ensino público fundamental para participar do Fórum Social Mundial em janeiro de 2011, na cidade de Dacar (Senegal). Serão premiadas as melhores propostas de difusão do conceito e das experiências de Tecnologia Social na comunidade.

inscrições até 28 de junho de 2010. Para acessar clique aqui.

regulamento

@ José de Sousa Saramago

(16/11/1922 * 18/06/2010)

http://www.josesaramago.org/
http://caderno.josesaramago.org/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago
http://www.revista.agulha.nom.br/1saramago4.html
http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/saramago/
http://www.caleida.pt/saramago/
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_jsaramago.html

mais

"Estamos todos cegos", diz José Saramago

Assista ao vídeo da sabatina realizada no jornal Folha de S.Paulo (novembro de 2008)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

@ Zero a seis

Educar com o objetivo de qualificar

Setores da iniciativa privada se reúnem para discutir a formação de crianças de 0 a 6 anos. Ideia é promover mão de obra mais eficiente no futuro

Autor(es): Camila de Magalhães
Correio Braziliense - 17/06/2010

leia na íntegra

@ Sob pressão

Crianças sob pressão

entrevista com CARL HONORÉ

Depois do best seller Devagar, que em 2004 foi traduzido para mais de 30 países e disseminou pelo mundo a Slow Movement, filosofia de resistência à compulsão moderna pela pressa, o jornalista escocês criado no Canadá, Carl Honoré, 42 anos, está lançando no Brasil Sob Pressão (Editora Record, 368 páginas), que polemiza o resgate da infância a partir da cultura dos hiperpais. Formado em História e Italiano pela Universidade de Edimburgo, Carl Honoré atuou em programas de intercâmbio e ONGs no Ceará, foi colaborador de publicações como The Globe and Mail, National Post, The Guardian e The Economist. Desde 1991, escreve para jornais da Europa e América Latina, tendo passado três anos como correspondente em Buenos Aires. “Estamos matando a simples alegria de ser criança, transformando a infância em uma corrida muito distante de um mundo mágico”, afirma o autor nesta entrevista concedida por email de sua casa, em Londres.

leia na íntegra

@ Ensino Médio

18% dos jovens estão fora da escola

Só 48% do grupo de 15 a 17 anos cursam o Ensino Médio; dados indicam crise

Apesar do considerável aumento do número de matrículas no Ensino Médio nos últimos anos, a universalização do atendimento para essa etapa de ensino ainda parece estar distante. Segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, dois em cada dez jovens brasileiros de 15 a 17 anos estão fora da escola (18%). Na faixa dos 18 aos 24 anos, o esse número salta para sete a cada dez (68%).

leia na íntegra

O tema do encontro foi “Abandono e Evasão no Ensino Médio no Brasil: magnitude e tendências”. Uma publicação com artigos dos especialistas está disponível online.

Baixe aqui a publicação "A Crise de Audiência no Ensino Médio"
Veja a apresentação de Wanda Engel
Veja a apresentação de Elaine Pazello
Veja a apresentação de Ricardo Paes de Barros
Veja a apresentação de Eduardo Rios

mais

terça-feira, 15 de junho de 2010

@ Exame Nacional

Sobre o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente

AUDIÊNCIA COM O MINISTRO FERNANDO HADDAD

No dia 7 de junho de 2010 as entidades acadêmicas CEDES, ANFOPE, ANPED, ANPAE e FORUNDIR tiveram uma audiência com o Ministro da Educação, em Brasilía, para apresentar o documento sobre a Portaria Normativa do Ministério da Educação, nº14, de 21 de maio de 2010, que institui, no âmbito do Instituto Nacional de Ingresso na Carreira Docente.

acessar documento

@ Tecnologias na Educação

Livro "Integração das Tecnologias na Educação"

@ Carreira

Governo (MG) apresenta proposta de reestruturação para carreira dos professores

O governador Antonio Anastasia apresentou, na tarde desta segunda-feira, proposta de reestruturação para as carreiras dos servidores da educação. De acordo com o governo, o novo projeto aumenta o salário inicial, incorpora vantagens permanentes e torna mais atraente a carreira do Magistério, com promoção a cada cinco anos e progressão a cada dois anos. As novas carreiras e salários entram em vigor a partir de 1º de março de 2011, após envio de projeto de lei para Assembléia Legislativa e deliberação sobre a proposta.

leia na íntegra

segunda-feira, 14 de junho de 2010

@ Educação Infantil

Educação infantil no País recebe nota 3,4, indica estudo

Pesquisa mediu a qualidade de creche e pré-escola em seis capitais de todas as regiões do Brasil

A educação infantil brasileira merece nota 3,4, numa escala de zero a dez. A conclusão é da pesquisa "Educação Infantil no Brasil: avaliação qualitativa e quantitativa", realizada pela Fundação Carlos Chagas em parceria com o Ministério da Educação e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, cujos resultados serão apresentados nesta segunda-feira, 14, e nesta terça, 15.

Obtido com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo, o estudo mediu a qualidade da creche (de 0 a 3 anos) e da pré-escola (4 e 5 anos) em seis capitais de todas as regiões do País: Belém, Campo Grande, Florianópolis, Fortaleza, Rio de Janeiro e Teresina. A nota 3,4 demonstra que a qualidade do ensino infantil tem nível básico (de 3 a 5) - os outros estágios eram: inadequado (1 a 3), adequado (5 a 7), bom (7 a 8,5) e excelente (8,5 a 10).

leia na íntegra

ver apresentação

download estudo "Indicadores de Qualidade da Educação Infantil - 2009"

mais

sábado, 12 de junho de 2010

@ Família e Escola

Incluir a família do aluno

por Maria Antônia Maciel (*)

Se a família muda, os conceitos também devem mudar. O modelo de família patriarcal está em decadência e a escola de hoje já não é mais apenas um “lugar de ensinar”.

Família e escola devem progredir juntas em benefício de seus filhos/alunos. Quando a criança não aprende, uma atribui culpa à outra e, no meio do jogo, vai-se a autoestima da criança, tão necessária ao seu desenvolvimento global.

Escola inclusiva convida a família que o aluno tem e já sabe que o capitalismo empurrou a mãe para o mercado de trabalho, apregoou a liberdade de escolhas, descentralizou o autoritarismo patriarcal e quebrou a rigidez das normas. Neste contexto de “modernidades” (se assim podemos dizer), entre custos e benefícios, está a criança em sua nova família, frequentando ainda uma escola bastante saudosista.

Os alunos de antigamente respeitavam os professores, deles se orgulhavam, se interessavam pelos livros e moravam com papai e mamãe num ambiente de valores morais, cívicos e religiosos. Acontece que, naquele tempo, este “paraíso escolar” era para poucos e estes modelos não mais predominam.

A criança é criança em qualquer tempo ou lugar, o que mudou foi o ambiente e estas crianças não podem ser culpadas por isso. Elas ainda são as mesmas, moldadas e influenciadas pelo meio.

Felizmente, o acesso à educação está praticamente universalizado, todos podem ir à escola e todas as “novas famílias” mandam seus filhos para a escola. Se o capitalismo exacerbou a concentração de riquezas e criou famílias sem tempo para os seus filhos, a escola abraçou outras responsabilidades e tem enfrentado situações complexas para assimilar os outros verbos que se juntaram ao ensinar: educar, compreender, diagnosticar e, principalmente, amar.

Quando os conceitos resistem às mudanças evidentes, a escola corre o risco de excluir as “novas famílias” e criar barreiras à permanência das crianças no ambiente escolar. O desenvolvimento do aluno é um processo global que depende de vários fatores, principalmente do envolvimento positivo da escola com a família que a criança tem. Jamais devemos associar o fracasso escolar às classes populares. Isto sim, é exclusão social.

Em vez de procurar culpados ou tentar achar soluções milagrosas para a realidade que aí se apresenta, é mister que a escola “enxergue” as mudanças, que não rotule alunos nem sonhe com as famílias patriarcais. A “nova família” ao contrário do que se possa pensar, valoriza sim os estudos de seus filhos. Precisa ser aceita, convidada e incluída. Precisa saber das práticas pedagógicas e dos processos avaliatórios, para que saiba participar e entenda a importância de sua participação no processo educacional de seus filhos.

Sim, não restam dúvidas de que este “chamamento” é penoso, cansativo e incompreendido, às vezes. Mas é notório que, quando a família participa, os ganhos são evidentes. Família interessada e incluída, faz elevar a autoestima da criança, favorece sua permanência na escola e o gosto pelos estudos.

A escola exclui quando descarrega problemas e inclui quando conhece o aluno, explica o que faz e propõe cooperatividade.

(*) Escritora e pedagoga

publicado no jornal Correio, Ponto de Vista, p. A2, 12/06/10

sexta-feira, 11 de junho de 2010

@ Entrevista

"Sempre fui contra o acordo ortográfico"

Após uma carreira acadêmica de sucesso, o professor de Língua Portuguesa Sérgio Nogueira decidiu compartilhar seus conhecimentos em rede nacional. Para isso, entre outras atividades, criou um blog onde tira dúvidas dos leitores e se tornou o principal consultor do apresentador Luciano Huck no programa "Soletrando", da Rede Globo, que mede os conhecimentos em Português de alunos de todo o país. Apesar da fama repentina, o professor não se furta a expressar a sua opinião quando o assunto é um dos temas recentes mais polêmicos da Língua Portuguesa: o acordo ortográfico que uniformizou as regras da Língua em todos os países lusófonos, desde o início de 2009. "Se era para ter um acordo, ele tinha que ser mais profundo e foi muito tímido e passa uma sensação de que mudou tudo. Quando, na verdade, não mudou nem muita coisa. Na verdade, mudou muito pouco", destaca. Para ele, apesar de muito alarde e polêmica, o brasileiro irá se acostumar com as novas regras, como aliás já se acostumou em outros períodos. "No momento em que o acordo foi assinado, se é constitucional ou não eu não sei responder isso - não somos especialistas, não podemos dizer - mas, para mim, é lei e está valendo. Eu passei pela reforma de 1971, o problema foi semelhante. Portanto, isso não é novidade. O sistema, quando foi criado em 1943, também não foi aceito de imediato. Toda mudança acarreta discussão", destaca.

Folha DirigidaNo início deste ano, o professor Ernani Pimentel, um dos líderes do movimento "Acordar Melhor", fez críticas ao acordo ortográfico da Língua Portuguesa assinado no ano passado. Segundo ele, o acordo seria inconstitucional. Como o senhor vê esta crítica?

Sérgio Nogueira — Eu desconheço esse lado legal aí. Posso falar mais como professor e, principalmente, como consultor de empresas. Eu sempre fui contra o acordo. Se era para ter um acordo, ele tinha que ser mais profundo e foi muito tímido e passa uma sensação de que mudou tudo. Quando, na verdade, não mudou nem muita coisa. Na verdade, mudou muito pouco. Eu recordo que na primeira edição do Globo do ano passado, eu li o primeiro caderno de ponta a ponta, dezesseis páginas e li quatro palavras afetadas pelo acordo. Quer dizer, é muito pouco para passar essa sensação de que mudou tudo. Eu sempre fui contra. Só tem uma coisa importante, na minha opinião: no momento em que o acordo foi assinado, se é constitucional ou não eu não sei responder isso - não somos especialistas, não podemos dizer - mas, para mim, é lei e está valendo. Eu passei pela reforma de 1971, o problema foi semelhante. Portanto, isso não é novidade. O sistema, quando foi criado em 1943, também não foi aceito de imediato. Toda mudança acarreta discussão. O que incomodou nesse caso é que quando não se esperava mais um acordo, ele vem sendo alinhavado desde 1990, ou seja, demorou todos esses anos para ser assinado. Um ano antes, eu apostava que ele não seria assinado, mas foi. E a partir daí, como professor, eu posso ter uma visão diferente. Está valendo e, enquanto estiver valendo, a minha preocupação é transformar esse assunto em algo que, aparentemente, possa ser árido em algo perfeitamente palatável para os meus alunos. Eu passei a me preocupar em como ensinar a reforma de um modo agradável, útil. É esta a minha preocupação há um ano e meio. Hoje minha preocupação é essa. Se ela realmente for revogada, maravilha. Aplaudo, também, se ela continuar em vigor, como eu acredito que vá acontecer. Não creio que esse movimento consiga fazer o governo voltar atrás. Iria ser uma vergonha. A pressão de Portugal, que até agora não moveu uma palha para isso, também não me preocupa, porque das outras vezes também foi assim. Portugal, na verdade, em 71, só mexeu a palhinha em 1973. Por isso que nós temos quatro anos para adaptação, só que pediram seis. Eu não sei, eu não tenho bola de cristal para prever o que vai acontecer. A minha preocupação é simplificar a vida dos que dependem de mim, do meu trabalho, como consultor.

Como o senhor está vendo a implantação deste acordo? Percebe que está sendo seguido pelas instituições de ensino ou estão deixando para a última hora?

Muito pelo contrário. A mídia, quase toda, implementou. Fora os livros didáticos que, por lei, a partir desse ano, já deveriam estar de acordo com o novo acordo. Tanto que, até onde eu saiba, o MEC não aprova mais livros que não estejam enquadrados na reforma. Então, nos obrigamos a isso até por um compromisso social. Fui eu mesmo que sugeri isso lá dentro, e pelo seguinte: ortografia é memória visual. Você não coloca o acento em café porque é uma oxítona terminada em e. Você põe o acento porque está acostumado a colocar acento no café. Então, se a ideia perdeu o acento, mais do que decorar a regra, é preciso se acostumar, desde já, que a ideia não tem mais acento. Agora, quando você vai fazer um curso é melhor explicar, porque o grande problema da reforma não é o que muda, é o que permanece. Noventa por cento das consultas que eu recebi em janeiro do ano passado, no sistema em que eu trabalho, foram em cima de palavras não alteradas. As pessoas querendo mexer onde não devem. Vou dar um exemplo. Há duas semanas, fizeram a seguinte consulta: "Professor, entrevistamos aqui o subsecretário não sei do quê e mandaram escrever subsecretário tudo junto. É verdade, que agora, pela reforma é junto?" Eu disse: "Pela reforma não, já era assim". Quer dizer, as pessoas criaram uma insegurança até quanto aquilo que já era, porque são palavras, com relação ao hífen, por exemplo, que nós não temos segurança, porque nossa memória visual para o hífen é péssima. No caso, a reforma, nesse ponto, é até boa, pois nos obrigou a rever as regrinhas e entender um pouquinho mais. Houve até, descobri dando aula, no caso do hífen, uma simplificação. Como eu disse não é o ideal. Na minha opinião, o ideal seria acabar com o hífen, pelo menos no caso dos prefixos, juntar tudo. Mas, já que ele foi mantido, pelo menos nesse aspecto eu vi uma certa simplificação, melhorou um pouquinho.

O senhor disse que o seu objetivo é tornar tudo mais palatável para o estudante. Como pode se fazer isso?

As minhas palestras são para professores, profissionais, jornalistas, advogados, quer dizer, profissionais que usam a Língua. Então, eu não estou preocupado em preparar ninguém para concurso. Quanto ao problema de preparação para concurso, tem o problema de memorização, de decoreba. A minha preocupação é a seguinte: os profissionais para quem eu trabalho, eles podem consultar dicionários, manuais, gramáticas. Então, eu parto do seguinte princípio: a forma pela qual eu ensino, eu quero que eles entendam para que servem os acentos, os hífens, porque existe uma lógica dentro da Língua Portuguesa. Por mais maluca que ela possa parecer, há uma lógica. Existe um porquê que as palavras tenham acento, existe um porquê que as palavras não precisam ter acento. Então, eu estou ensinando por esse lado e as pessoas adoram isso, adoram saber que a nossa Língua tem história, tem passado e que tudo se explica. Infelizmente, o sistema de ensino nos obriga, muitas vezes, a cumprir programa. Isso vale para escola, vale para faculdades e vale para concursos. Você tem que cumprir o programa, se ele foi bem cumprido, mal cumprido, muitas vezes, não interessa. O importante é que você chegou ao ponto final lá, você viu todo o programa que cai na prova, o programa daquele ano. Quando, muitas vezes, mais do que essa rapidez interessaria que as pessoas entendessem, porque quando as pessoas entedem um fenômeno, elas tendem a reter com mais facilidade. Isso é uma das coisas que tornam palatável, as pessoas começam a assistir sua aula com muito mais curiosidade, com a curiosidade aguçada. "Poxa vida, não sabia que a palavra sapato não tem acento e isso se explica." Tem uma explicação para isso, porque pouca gente sabe o que norteou, lá em 1943, os responsáveis pela criação das regras de acentuação.

Nas salas de aula, essa, talvez, seja a dica para os professores: tentar explicar o porquê das regras. Há uma outra dica que vale a pena ser destacada?

Não é bem dica. Dica parece as paroxítonas terminadas em r, x, n e l, decora rouxinol. Isso seria uma dica. O que eu tenho feito é tentado explicar, por exemplo, o que norteou, para que servem os acentos, para marcar a sílaba tônica. Sílaba tônica é a sílaba mais forte na hora da pronúncia da palavra. A sílaba tônica na Língua Portuguesa pode ocupar três lugares, ela pode ser oxítona, paroxítona e proparoxítona. Não tem outra posição possível, são três possibilidades. A maioria das palavras da Língua Portuguesa não tem acento. Se você contar nesse seu texto, as palavras acentuadas não chegam a vinte por cento. Nosso sistema é acentuar o mínimo possível. Foi assim criado em 1943, a reforma de 1971 acabou com uma regra que colocava um monte de acentos e essa reforma que vem agora, embora tímida, vai tirar mais acentos. Só tem uma coisa, as regras básicas: oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas não foram afetadas. A gente só pôde mexer nas regras especiais e aí que surgem os problemas. A gente tenta brincar com a matéria. Vou dar um exemplo rápido: as pessoas já viram que voo perdeu o acento, aí vão na internet e descobrem que "oo" perdeu o acento. Se fala muito de Lei Seca, no outro dia, me perguntaram o porquê de alcoólico estar com acento se a regra tinha mandado tirar. Mas alcoólico tem acento porque é uma proparoxítona e eles deduziram que qualquer palavra que tenha oó vai perder o acento. Eu aproveito esse tipo de dúvida pra pessoa entender o que é básico, o que não é básico, o que muda e o que não muda. A gente aproveita e conta uma piadinha, que é verdade, em uma cidade em que visitei o acento estava no primeiro o. Eu deduzi que tinha bebido e a mensagem é aquela: se beber, não escreva.

O desempenho de estudantes brasileiros em avaliações internacionais de Língua Portuguesa ainda é muito ruim. Por que tantos brasileiros têm dificuldade com a matéria?

Outro dia eu estava ouvindo uma discussão, acho que foi na rádio CBN, e eu acho incrível como essas pessoas que se dizem especialistas no assunto são tão simplistas, como se a solução passasse por um curso de atualização para professores. Hoje em dia, eu sei de escolas que comemoram porque, finalmente, eles vão ter o quadro-negro, lousa, como dizem em São Paulo. Ou então, finalmente, vão por uma porta. Finalmente, conseguiram fechar o portão no horário de escola para não entrar qualquer pessoa na escola. Os problemas das escolas, principalmente da escola pública, são de número tão grande que não podem ser resolvidos como em um passe de mágica. Me impressiona muito quando o que eu chamo de teóricos de plantão, quer dizer, aqueles doutores que nunca deram aula em uma escola pública, vêm publicar livros, nos ensinar a dar aula como eles nunca tiveram que enfrentar trinta, quarenta alunos, na mistura você tem alunos de sete com alunos de quatorze na mesma sala, disléxico, surdo-mudo. Todos misturados. Então, eles não sabem da grande dificuldade que nós temos. Isso precisa passar por uma reforma imensa. Não vai ser em uma resposta, por mais inteligente que eu possa ser, que eu vou conseguir resolver esse problema da educação. Mas aí, tem que ter um investimento maciço, um governo que, realmente, queira investir nisso e que realmente acredite que a educação é a solução dos nossos problemas. No mais, é tudo paliativo. "Ah, vamos agora acabar, vamos resolver a aprovação automática". Isso aí, se é bom ou ruim não vai resolver. Talvez, resolva os números, mas não é isso que vai resolver o problema, porque não basta isso. Os livros didáticos, por exemplo, nossos livros didáticos são ótimos, excelentes. Mas, muitas vezes, o professor, coitado, não foi treinado a saber tirar do livro tudo que ele pode oferecer. É uma soma de problemas que me impressiona e que eu confesso que não sei nem por onde começar.

O senhor está aposentado desde 1999. Nos seus trinta anos de magistério, como foi seu trabalho como professor e como o senhor compararia com os professores do dia de hoje?

Eu acho engraçado. Porque quando eu comecei a trabalhar, no final da década de 60, início da década de 70, eles diziam: "Poxa, no meu tempo...". Passaram trinta anos e não tenho isso "no meu tempo". Não consigo ver muita diferença. Naquela época, reclamavam das más condições de trabalho, salário ridículo. Passaram trinta anos, governo militar, governo de direita, governo de esquerda, de tudo que é lado e continua a mesma coisa. Não consigo ver melhora e se há alguma é muito tímida para a necessidade que existe. Por isso o desempenho é tão ruim. Porque quando você diz que o índice de analfabetismo diminuiu, mas quando faz uma pesquisa de nível de entendimento de leitura o resultado é ridículo. Quer dizer, o cara saber assinar é uma coisa, mas o cara saber ler e interpretar, entender é outra história. Muitas vezes, o professor não sabe ensinar isso para os seus alunos, porque ele também não aprendeu, porque isso é um ciclo vicioso. Você tem professores mal preparados ensinando professores que vão sair mal preparados que vão ganhar mal, não vão ser estimulados a serem melhores do que são. Gostaria de salientar que estou falando em termos gerais, na minhas andanças nesses trinta anos, eu encontrei muito professor excelente, com muito talento, estudioso, pesquisador, que buscava caminhos novos. Mas esses são raros. Infelizmente, são exceções. Como em uma sala de aula, você tem alunos de exceção. Mas isso é exceção, não é a regra. Enquanto não tiver estímulo ao professor, e com isso eu quero dizer condições de trabalho e salário, se ele não tiver, no mínimo, essas duas coisas, não basta salário. E, exatamente, aqui, que me irrita, porque as pessoas usam como desculpa para não pagar bem o fato dos professores não serem bem preparados. Como ele não está bem preparado, como não é bom professor, ele não merece ganhar bem é, mais ou menos, esse o raciocínio que eu percebo.

Quais os principais problemas no ensino da Língua Portuguesa nas escolas?

Eu vejo um, em especial. Eu sou do tempo em que a Língua Portuguesa era, praticamente, só gramática. Era uma decoreba braba, o aluno detestava, em geral. Poucos gostavam, os professores, em geral, também não gostavam. Então, era um horror. Aí, aos poucos, foi se criando essa visão do ensino da Língua Portuguesa sobre interpretação e produção de texto. Eu acho maravilhoso, só que como sempre o brasileiro não sabe ser moderado. Ele é radical, de esquerda ou de direita, ou seja, aqui é a mesma coisa. Hoje em dia, em que a produção de texto é mais incentivada nas escolas e a interpretação também. Aí abandonaram a gramática, é proibido ensinar gramática. Quem ensina a gramática é professor velho, antigo e ultrapassado. Gente, não é pecado ensinar gramática, desde que seja bem ensinada pelo seu lado prático. E eu como consultor, hoje, eu costumo dizer que trabalho com efeito e não mais com a causa. Aquele que saiu da faculdade já está formado, já é profissional e vai usar a Língua Portuguesa o resto da vida. Então, foi para isso que a gente aprendeu, porque a gente não aprende a Língua Portuguesa para fazer prova, mas sim para usar a vida inteira, para entender o que se lê, para escrever com facilidade, com clareza de se comunicar. Hoje, eu percebo que, muitas vezes, as pessoas têm certas dificuldades, por incrível que pareça por desconhecimento gramatical. E não estou falando de decoreba, de análise sintática, nada disso. Então, esse meio-termo que eu não entendo o abandono. Não entendo esse abandono. Eu concordo que se aproveite o texto, não mais só os clássicos, como era antigamente. Embora eu ache que tenha que ter os clássicos na escola, porque se não leu os clássicos na escola, não vai ler em lugar nenhum. Mas também tem que ter a análise de anedotas, de cartuns, de letras de músicas, de notícias de jornal, quanto mais variado for. Eu costumo dizer o seguinte: no jornalismo, onde eu trabalho mais, me perguntam "eu tenho que ler?". Claro, todo mundo tem que ler tudo. "Mas, até bula de remédio?". Claro, até bula de remédio. Primeiro, porque você pode morrer se não entender a bula. Ainda mais em um país onde você se automedica toda hora. Eu dou a história da receita de bolo, a receita de bolo não custa nada. Eu tenho um amigo em São Paulo, hoje ele vive de uma coluna de gastronomia e de um site. No site, ele vive muito bem isso. O sonho dele era ser jornalista esportivo. Como não apareceu vaga no departamento esportivo, abriram uma vaga para falar sobre gastronomia, ele se especializou e, hoje, é uma referência em São Paulo sobre o assunto.

Um dos pontos considerados mais importantes por educadores é o do incentivo à leitura. Que tipo de contribuições o ato de ler traz para os estudantes?

Ler é tudo de bom. Ler só faz bem. Como eu disse, leio de tudo. Eu acho que em um primeiro momento, quando a criança está acabando de se alfabetizar, é muito importante que o professor leia com o aluno, ensine o aluno a ler. Você vai dizer: "como ele vai fazer isso com quarenta alunos?". Aí começam as dificuldades, turmas de primeiro segmento têm que ser menores, com o menor número de alunos possível, até para o professor poder perceber quem tem problemas de dislexia, coisas desse tipo. Eu sei que tudo isso é delírio, que na prática não vai funcionar, porque não há dinheiro para isso. Outra coisa é cobrar da família: pai, mãe, tia, avó, porque, atualmente, a gente nunca sabe. Hoje em dia, mesmo que a criança tenha pai e mãe não separado, provavelmente, os dois trabalham fora e alegam que não têm tempo e não gostam de ler, pois não tiveram o hábito de ler e não dão exemplo. E se cria, mais uma vez, a porcaria, do círculo vicioso. Mas o ideal seria que alguém lesse para que ele aprendesse, começasse a entender sozinho, induzisse e, à medida em que ele fosse crescendo, começam a aparecer textos mais difíceis na vida dele. A nossa literatura infanto-juvenil é considerada, no mundo, se não a melhor, uma das melhores do mundo. Nós temos autores premiadíssimos: Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Ziraldo, Maurício de Sousa... Iustradores que são contratados por escritores dinamarqueses, filandeses, franceses. Quer dizer, é uma categoria que nós temos de primeiríssima linha no Brasil que, infelizmente, muitas vezes, os professores não sabem aproveitar. Cresce um pouquinho, vai para a adolescência, aí surge uma Thalita Rebouças que está vendendo horrores, com dez livros. Foi minha aluna como Jornalista, abandonou a profissão e, hoje, é escritora e vive disso. Olha que coisa maravilhosa. Aí você vê quem consegue viver de literatura no Brasil, Jorge Amado deve ter conseguido. Veríssimo, talvez. Nós temos potencial para isso. Agora, qual é a dificuldade, nós vamos voltar para a história de sempre: professor que não está preparado para isso, foi preparado por um professor que, também, não estava preparado. Quer dizer, muitos professores não têm o prazer da leitura, não sabem passar o prazer.

publicado no Folha Dirigida, 10/06/2010 - Rio de Janeiro RJ

@ Biopoder

Biopoder e educação

Entrevista especial com Rejane Ramos Klein (*)

“O aumento obrigatório do tempo da escolarização no ensino fundamental pode ser entendida como uma estratégia preventiva do risco social para o governamento de crianças e adolescentes e, por extensão, da população de forma geral”, diz a professora.

Confira a entrevista.

(*) Rejane Ramos Klein é graduada em pedagogia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, onde também fez o mestrado e o doutorado em Educação. Atualmente, é professora na Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr. Antônio Bemfica Filho, em São Leopoldo (RS), e na especialização da Unisinos.

mais sobre o termo "biopoder"

quarta-feira, 9 de junho de 2010

@ Caminhos

Percursos contemporâneos

As aulas e os caminhos que os professores estão colocando em prática para fazer com que seus alunos lhes "concedam" sua atenção

Em sua origem, o termo estratégia (do grego, strategia) está relacionado à arte de coordenar ações de naturezas diversas - militares, políticas, econômicas, morais, segundo o Houaiss - na condução de um conflito. Saído das hostes militares, adquiriu, por derivação, um sentido mais amplo, relacionado à capacidade de gerir bem os recursos disponíveis, ou de usar um ardil para a obtenção daquilo que se quer. Pois no campo da prática docente, cada vez mais, o desenvolvimento de estratégias pessoais tem suplantado os rigores das metodologias consagradas, porém facilmente perecíveis, sempre buscando alcançar um valor maior: o de fazer consumar-se a relação de aprendizagem que dá sentido à escola. Ante o aluno contemporâneo, pautado pela sobreposição de estímulos e de informação, os professores tentam achar os caminhos possíveis.

leia na íntegra

REVISTA EDUCAÇÃO - EDIÇÃO 157

terça-feira, 8 de junho de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

@ Palco Digital

Plataforma para conectar escolas de todo o país é lançada em SP

Uma plataforma digital de educação que busca conectar escolas públicas e privadas de todo o país foi lançada nesta terça-feira (1/6), no Itaú Cultural, em São Paulo (SP). Por meio do Palco Digital estudantes poderão divulgar atividades culturais de suas escolas e comunidades. O objetivo do projeto é que cada instituição de ensino interessada em participar crie um blog para postar textos informativos.

leia na íntegra

sexta-feira, 4 de junho de 2010

@ Novos talentos

Programa vai incentivar atividades extracurriculares

Com o objetivo de fomentar a realização de atividades extracurriculares como cursos, oficinas ou atividades equivalentes, no período de férias das escolas públicas e/ou em horário que não interfira na frequência escolar, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) instituiu nesta sexta-feira, 4, o Programa Novos Talentos.

Veja aqui a portaria que institui o programa e o edital com os critérios, instituições participantes e outros procedimentos. Mais informações pelo e-mail novostalentos@capes.gov.br e pelos telefones (61) 2022.6568 e 2022.6564.

leia na íntegra

mais

terça-feira, 1 de junho de 2010

@ Maus-tratos

Outros maus-tratos

por Rosely Sayão

A procuradora aposentada Vera Lucia Gomes, acusada de maltratar severamente uma criança de dois anos que pretendia adotar, já foi condenada por todos nós.

Quem é que não culpa um adulto que humilha, impõe castigos físicos torturantes, destrata e agride uma criança indefesa? Por isso, nos permitimos dar à procuradora adjetivos como louca, bruxa, psicopata.

Em entrevistas, a acusada reconheceu que exagerou algumas vezes no tratamento dado à garota, mas por um bom motivo: dar educação a ela. E Vera Lucia fez mais. Declarou que agiu mal porque perdeu a paciência com uma impertinência da menina, como acontece com quase todas as mães quando estas ficam nervosas, irritadas ou estão num mau dia.

Essa declaração da acusada revela um incômodo: por trás da tragédia que ela protagoniza se escondem milhares de dramas cotidianos vividos por crianças de todas as idades, inclusive por aquelas que vivem em famílias de classe média.

Decidimos colocar as crianças sob intensa pressão: elas precisam aprender a se comportar assim que os pais ensinam, elas precisam gostar de estudar e ter êxito na escola, elas devem aproveitar bem o que os pais lhe oferecem e demonstrar gratidão por isso e, principalmente, corresponder à expectativa de sua família.

Mas criança não aprende de primeira e, mesmo depois que aprende algo, irá transgredir e desafiar; criança gosta mesmo é de brincar, e não de estudar; criança acha que os pais têm obrigação de lhe dar tudo o que ela quer; criança não tem autocontrole e gosta de experimentar.

Num mundo em que a infância está desaparecendo e em que os adultos teimam em parecer juvenis, é quase uma impertinência a criança se comportar como tal, dar trabalho, exigir paciência e persistência dos adultos que a educam.

E é por essa razão que, todos os dias, muitas crianças sofrem: apenas porque são crianças e os adultos se impacientam com isso.

Hoje, alguns comportamentos delas são considerados síndromes, doenças, desajustes que exigem cuidados especializados e medicação.

Há muitas maneiras de se maltratar uma criança. Uma delas é não suportar que ela se comporte como criança.

(*) Rosely Sayão é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

publicado no jornal Folha de S.Paulo, Equilíbrio, 01/06/10.

PARA LER

Como Amar uma Criança
Janusz Korczak
EDITORA Paz e Terra
QUANTO R$ 59, em média
Vale a leitura do livro de Janusz Korczak, que compreendeu de verdade a criança e buscou maneiras dignas de educá-la.

@ Demolition call

"Desde o vídeo clip do Pink Floyd, The Wall, eu não via uma crítica tão contundente ao ambiente escolar. Pode ser que seja tudo uma armação, mas na dúvida, eu repensaria o que estamos fazendo nas escolas. No nosso caso, basta pesquisar a quantidade de escolas depredadas e pichadas todos os anos. Me parece um bom indicativo do sentimento de opressão dos alunos no ambiente escolar." (Profa. Ana Beatriz Gomes)

assista o vídeo

fonte

@ Celular pedagógico

Aparelho estará nas salas de aula do mundo todo em dois ou três anos, prevê estudo

Hoje proibido na maioria das escolas, o celular está sendo apontado como ferramenta pedagógica do futuro. A previsão está em um estudo feito por especialistas em educação e tecnologia, entre outras áreas, de diversos países, inclusive o Brasil.

Na avaliação do relatório "2010 Horizon Report", o telefone móvel deve ser usado na maioria das salas de aula dentro de dois a três anos.

Mais que uma ferramenta de comunicação, ele se torna uma plataforma móvel de internet, que ainda permite filmar e fotografar.

Assim, alguns de seus usos na educação seriam como câmera fotográfica, filmadora, ferramenta de pesquisa e local de armazenamento de livros inteiros. "Com a mobilidade do celular, o aluno poderá fazer a lição de casa no carro ou no ônibus", exemplifica Cristiana Assumpção, a única representante do Brasil a assinar o estudo. Enquanto o futuro não chega, Cristiana diz que, no colégio Bandeirantes (zona sul de SP), onde coordena a área de tecnologia na educação, o uso do celular já ocorre em iniciativas pontuais.

Foi o que aconteceu também na Escola da Vila (zona oeste de SP), onde um grupo de estudantes lançou mão do aparelho para gravar um vídeo sobre o parque Ibirapuera para a aula de inglês. "Fizemos em meia hora, descarregamos e usamos o Movie Maker para editar", conta a aluna Dora Galvão, 14.

Indo um pouco mais longe, para os próximos quatro a cinco anos, segundo o estudo, caberia ao celular transmitir a realidade aumentada. A tecnologia permite que, ao apontar o telefone ou um netbook para um local, um objeto ou até uma imagem impressa num livro, o usuário receba mais informações. Uma foto de um leão permitiria assistir a um vídeo sobre o animal, por exemplo.

PROIBIÇÃO

A política de banir o celular na sala de aula é o que tem jogado para a frente a previsão de seu uso nas escolas. "A solução mais cômoda e ineficaz é mandar que o aluno desligue o aparelho", diz André Gutiettefz Caldeira, vice-presidente de tecnologia educacional da Positivo.

O grupo que ele dirige já desenvolveu interfaces para que uma aula pré-gravada, por exemplo, seja acessada pelo celular. Mas o conteúdo ainda é o mesmo oferecido nos portais online criados pela Positivo para escolas.

Rafael Fittipaldi, diretor de criação da produtora digital Cricket Design, parceira da Editora Moderna, diz que os sistemas de ensino já estão pedindo um conteúdo específico para celular, que deve estar em uso dentro de dois anos. A produtora também já testa a realidade aumentada.

Escolas precisam de subversão, diz professor da USP

A tecnologia permite colocar novas ideias em prática, mas isso de nada adianta se a escola continuar chata e careta. A opinião é compartilhada por estudiosos do uso da tecnologia na educação. Luli Radfahrer, professor de comunicação digital da ECA-USP e colunista da Folha, acredita que a escola precisa de mais subversão, "no sentido de pegar alguma coisa que já existe e mudar a função dela".

"Por que não criar uma wiki [enciclopédia colaborativa] de química feita por alunos do ensino médio?"

Nilbo Nogueira, doutor em educação com ênfase em novas tecnologias pela PUC-SP, dá outro exemplo: temas surgidos em sala de aula poderiam ser discutidos nas redes sociais. Para Luca Rischbieter, consultor em tecnologia educacional na Positivo Informática, os professores continuam muito conservadores. Além disso, eles ficam apreensivos por entenderem menos de tecnologia que os próprios alunos."É muito difícil a tecnologia entrar no dia a dia do professor quando ela não facilita o seu trabalho", diz Mauricio Pereira Fanganiello, responsável pelas iniciativas digitais da Editora Saraiva.

Por isso, é crucial que o papel da tecnologia esteja claro para os docentes, diz Betina von Staa, colega de Rischbieter na Positivo. Segundo ela, o uso de computadores e outras ferramentas eleva a autoestima do aluno, principalmente na rede pública. Como consequência do maior interesse pela aula, a evasão cai, constatou Betina em pesquisas.

publicado no jornal Folha de S.Paulo, Saber, 31/05/10.

mais

Seis tecnologias mudarão a universidade e a economia